5º Domingo do Quaresma / Ano C "Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!"(Salmo 125).

11/03/2013 17:55

 

5º Domingo do Quaresma / Ano C

 


"Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!"(Salmo 125).
 
 
17 de março de 2013.
Ano: C / Cor: Roxo
 
PRIMEIRA LEITURA - Is 43,16-21
 
Estamos em pleno exílio babilônico e o profeta anônimo (Deutero-Isaías por volta do ano 550) procura reanimar as esperanças de retorno à Pátria. Ciro, rei da Pérsia, está conseguindo vitórias e mais vitórias sobre os caldeus. O profeta interpreta o fato à luz da fé. O Senhor, Criador, Redentor e Rei de Israel, está se servindo do seu servo Ciro para libertar Israel (cf. vv. 14-15).
 
Os vv. 16-17 são memórias das ações libertadoras de Javé. O v. 16 lembra a passagem pelo Mar Vermelho. O v. 17 alude à destruição do exército do faraó que perseguia os israelitas.
 
O v. 18 curiosamente convida a esquecer o passado. Por quê? Porque o que Javé vai fazer agora é uma coisa nova, muito mais fantástica do que as maravilhas do Êxodo. É aqui, no v. 19 e seguintes, que o profeta reanima as esperanças dos exilados. Esta coisa nova já começou a acontecer. As conquistas de Ciro são um pré-anúncio. No Êxodo o deserto foi cruel e hostil ao povo. Javé vai abrir uma entrada no deserto e vai fazer correr rios no sertão.
 
Diante dessas maravilhas em favor de Israel até os animais selvagens darão glória a Javé, pois dando água para fazer matar a sede do seu povo Javé favorece toda a criação, renovando a vida. O v. 21 profetiza também o louvor de Israel para com seu criador. 
 
As ações de Javé são imprevisíveis. Nesse sentido devemos rezar e alimentar nossas esperanças. Se Javé se serviu de Ciro, não poderia também servir-se do novo governo para restaurar nossas estradas, suscitar vida nas favelas, despertar esperanças para os excluídos? Como poderemos ser instrumentos nas mãos de Deus? 
 
SEGUNDA LEITURA - Fl 3,8-14 
 
Poderíamos dividir a carta aos filipenses em três bilhetes, que, mais tarde, foram apresentados pela comunidade como se fosse uma só carta. 
 
1) 4,10-20 – Bilhete de agradecimento. 
2) 1,1-3-1a + 4,2-7 + 4,21-23 – Exortações à unidade e notícias pessoais. 
3) 3,1b-4,1 + 4,8-9 – ataques aos falsos doutores. 
 
Nosso texto, portanto, faz parte do terceiro bilhete. Havia um grupo de cristãos que vinha do judaísmo e queria judaizar o cristianismo. Eles são chamados judaizantes. Eles queriam forçar a comunidade a seguir as leis judaicas. Paulo critica o rito da circuncisão na carne e dá um sentido espiritual à circuncisão. Os judeus-cristãos que ainda se preocupam com a circuncisão são comparados aos pagãos que eram chamados de cães. 
 
O ponto de referência da vida do cristão é Cristo e não a Lei de Moisés. Por isso Paulo descreve seu passado irrepreensível segundo a Lei. Mas afirma que, depois que ele conheceu Jesus Cristo, seu passado perdeu o sentido. Pode até ser considerado como uma perda. Nada é maior e mais importante que o conhecimento que agora ele possui de Jesus Cristo. 
 
Aliás, diante de Jesus Cristo tudo que ele conquistou antes pode ser considerado como lixo desprezível. O mais importante agora é ganhar Jesus Cristo, mas não com a justiça da Lei e sim pela justiça que vem de Deus através da fé em Jesus Cristo. 
 
Paulo agora, dizem os vv. 10 e 11, topa tudo por causa de Jesus Cristo, quer até mesmo enfrentar sofrimento e morte iguais aos de Jesus para alimentar sua esperança e também participar com Jesus da ressurreição dos mortos. Usando a imagem do atleta que corre para alcançar o prêmio, Paulo deixa claro que já foi conquistado por Cristo, mas a perfeição é uma meta que está no fim da corrida. O importante para Paulo não é gloriar-se das conquistas já alcançadas, mas continuar a correr. E para você o que é importante? Entrar em campo ou ser espectador ou, quem sabe, atleta aposentado? 
 
EVANGELHO - Jo 8,1-11 
 
Jesus está de manhãzinha ensinando no Templo. O Templo se torna símbolo da exclusão de Jesus e de todos os excluídos da sociedade e da religião judaica. Para excluir Jesus, os senhores do Templo (fariseus e doutores da lei) condenam uma adúltera que pelo adultério deveria ser excluída, juntamente com o adúltero, não somente da religião, mas até mesmo da vida através de pedradas. Era a Lei. Eles queriam saber a opinião de Jesus (v. 5). Mas para eles a adúltera já está condenada. Eles queriam servir-se dela para condenar também a Jesus (v. 6). Diante da pergunta Jesus se inclina e escreve com o dedo no chão. Depois Jesus se ergue e com voz de quem conhece profundamente as fraquezas humanas, com o coração de quem veio para acolher, perdoar e não condenar, Jesus diz solenemente: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra”. Esta frase pulveriza os corações de todos aqueles que ainda não vivem estas sentenças lapidares de Jesus: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados, perdoai e sereis perdoados” (Lc 6,37). Os pretensos juízes da mulher excluída são incluídos na categoria de réus. E devagar foram saindo conscientes de seus pecados. O texto ainda precisa que os mais velhos saíam primeiro. Sozinhos, Jesus e a mulher começam o diálogo libertador. Jesus se levanta e pergunta: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?”. A esta pergunta a mulher, provavelmente, ergue a cabeça e não vendo ninguém responde admirada: “Ninguém, Senhor!”. O círculo opressor que oprimia e queria condenar havia-se desfeito. Entretanto restava diante da mulher uma única pessoa que, isenta de todo o pecado, poderia condená-la. Só que Jesus ficou não para condenar, mas para absolver, resgatar e salvar. É o coração do Pai misericordioso que fala por Jesus: “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”. Jesus condena o pecado, não o pecador. Como o mundo seria diferente se aprendêssemos a lição de Jesus!
 
Dom Emanuel Messias de Oliveira
Colunista do Portal Ecclesia.
Bispo de Caratinga (MG). Estudou teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Especializado em Sagradas Escrituras e mestre em exegese bíblica e línguas orientais pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.

 

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