Bispo de Caratinga explica o "questionado" dogma da infalibilidade papal

01/02/2013 10:33

 

Bispo de Caratinga explica o "questionado" dogma da infalibilidade papal

Segundo o bispo diocesano de Caratinga, dom Emanuel Messias de Oliveira, o Papa pode errar como todo mundo, mas não erra quando fala "ex cathedra".
 
Foto: Cláudio Geraldo
O Papa pode errar como todo mundo, mas não quando fala ex cathedra, foi o que afirmou o bispo diocesano de Caratinga, interior de Minas Gerais, dom Emanuel Messias de Oliveira, em entrevista exclusiva concedida à redação do Portal Ecclesia.
 
O questionamento surgiu quando uma página no Facebook, na qual apresentamos a denúncia aqui, publicou uma ilustração sugerindo que o Papa tivesse sido agredido pelo conhecido personagem "Batman", após afirmar que ele (o Papa) é infalível quando fala ex cathedra, sendo respondido pela afirmação do personagem: "somente Deus é infalível".
 
Segundo o bispo, quando dizemos que o Papa não erra quando delibera e define solenemente algo em matéria de fé ou moral, "é aqui que afirmamos o dogma da infalibilidade em matéria de fé e costumes. Dogma é uma verdade que a Igreja apresenta como algo que se deve crer".
 
"Infalibilidade é o poder que o Papa tem de proclamar solenemente, verdades de fé e moral, em nome da Igreja. O Papa não inventa um dogma, ele declara solenemente como verdade de fé aquilo que a Igreja (hierarquia e povo de Deus) já acredita, mas não tinha sido ainda necessário definir", explica o bispo de Caratinga.
 
Evocando o Ano da Fé e também a celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II e 20 anos do Catecismo Católico, dom Emanuel Messias lembra que o documento do Concílio, a Constituição Dogmática Lumen Gentium (Luz dos Povos), esclarece de forma concisa o conceito da infalibilidade (cf. LG 12,25). O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica resumidamente explica:
 
"A infalibilidade se exerce quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal em comunhão com o Papa, sobretudo reunido num Concílio Ecumênico, proclamam com ato definitivo uma doutrina referente à fé ou à moral, e também quando o Papa e os bispos, em seu Magistério ordinário concordam em propor uma doutrina como definida. A esses ensinamentos todo fiel deve aderir com o obséquio da fé" (cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, nº. 185).
 
"É bom lembrar que os dogmas de fé são afirmações da Igreja declaradas pelo Papa, como desdobramentos da Revelação Divina, ou seja, dos textos da Sagrada Escritura", recordou o prelado. A Lumen Gentium diz que "a infalibilidade, de que o Divino Redentor dotou a sua Igreja, quando define a doutrina de fé e costumes, abrange o depósito da revelação que deve ser guardado com zelo e exposto com fidelidade. O Romano Pontífice, cabeça do colégio episcopal, goza desta infalibilidade em virtude do seu ofício, quando define uma doutrina de fé ou de costumes , como supremo Pastor e Doutor de todos os cristãos, confirmando na fé os seus irmãos (cf. Lc 22,32)".
 
Por fim, dom Emanuel deixa para os internautas alguns textos, que segundo ele, podem ajudar na compreensão da atitude da Igreja. O trecho do Evangelho de Mateus: "Por isso eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (cf. Mt 16,18). Ainda no livro do evangelista: "Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na aterra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu" (cf. Mt 18,18). E finalmente o trecho: "Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (cf. Mt 28,20).
 
Dom Emanuel Messias de Oliveira estudou teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, entre os anos de 1969 a 1972. E entre 1972 e 1975 especializou-se em Sagradas Escrituras no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e realizou mestrado em Exegese Bíblica e línguas orientais no mesmo instituto.
 
Da redação do Portal Ecclesia.
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