Mês da Bíblia: discípulos missionários a partir do Evangelho de Lucas

06/09/2013 16:45

 

 

 

Numa homenagem a São Gerônimo (347- 420), grande tradutor da Bíblia - celebrado dia 30 de setembro - o Mês da Bíblia foi criado em 1971 com a finalidade de instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e difundir a Bíblia, aproximando-a do povo de Deus. A decisão pela divulgação mais ampla da Palavra de Deus emanava do Concílio Vaticano II (1962-1965), que buscava renovar o ardor missionário da Igreja.
 
Aqui no Brasil, a Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-catequética da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) definiu que no Mês da Bíblia dos anos 2012 a 2015 fossem estudados os quatro Evangelhos: Marcos, estudado ano passado; Lucas, agora em 2013; Mateus será estudado em 2014, e João, em 2015.
 
Conforme o Projeto de Evangelização, "O Brasil na missão continental" e a Comissão Bíblico-Catequética da (CNBB), o tema escolhido para o Mês da Bíblia no Brasil neste ano é, conforme afirmamos, retirado do Evangelho de Lucas: "Alegrai-vos comigo, encontrei o que havia perdido" (Lc 15). O texto contém três parábolas – a da ovelha perdida, a da moeda perdida, e a do filho pródigo - que nos ajudam a percorrer aspectos fundamentais do processo do discipulado, sobretudo o encontro com Jesus Cristo, a conversão, o seguimento, a comunhão fraterna e a missão.
 
Lucas é considerado “o evangelista da misericórdia”, pois relata essa essência divina presente nas atitudes de Jesus: um único indivíduo que se salva é motivo para que Deus faça festa. Na parábola da ovelha perdida, Jesus é o pastor que, ao reencontrar a ovelha, a põe no colo e chama os amigos para festejar (Lc 15, 5-7); na parábola da moeda perdida, Jesus festeja com o reencontro de uma pequenina moeda, certamente de pouco valor monetário, mas de grande valia para quem tem pouco (Lc 15, 9-10); e na clássica parábola do filho pródigo, Jesus é a figura do Pai Misericordioso que só tem alegrias quando o filho perdido volta confiante para casa e se entrega ao perdão e ao acolhimento do Pai. Se ressaltamos mais a figura do filho pródigo é porque ainda não estivemos atentos à grandeza desse Pai Celeste que nos quer fazendo a festa com Ele.
 
Lemos em Ezequiel: “Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva” (33,11). É esse mesmo desejo que está presente no capítulo 15 de Lucas que somos especialmente convidados a ler neste mês dedicado à Bíblia. Iremos, com a leitura, aprender a valorizar a conversão, atitude necessária que deve ser adotada por nós diariamente, pois há tantas distrações que nos fazem perder a ovelha (o que perdemos ou não cuidamos bem e que pode ser comparado à ovelha?); deixamos que se percam pequeninas coisas, como se não tivessem valor hoje, mas que amanhã poderão nos fazer grande falta; e também todos somos filhos pródigos, necessitados dos braços abertos e sinceros do Pai Amoroso.
 
Atendamos ao convite da Igreja para lermos e relermos Lc 15: são apenas 32 versículos. O meu convite se estende um pouco mais: por que não ler todo o Evangelho de Lucas?: são 24 capítulos. Você se surpreenderá, se ainda não percebeu isso, com um Jesus Misericordioso, atento à presença solícita das mulheres, atento aos doentes e sofredores, mais do que os outros evangelistas destacam. 
 
Boa leitura! 
 
Padre Ismar Dias de Matos
Colunista do Portal Ecclesia.
Diocese de Guanhães (MG). Mestre em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor de filosofia e cultura religiosa na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

 


Da redação do Portal Ecclesia.
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