O Ano da Fé - Parte II

01/07/2013 21:30

 

O Ano da Fé - Parte II

 

 

“Eu sei em quem pus minha fé” (2Tm 1, 12). A Carta Apostólica do Papa Bento XVI, promulgada no dia 11 de Outubro de 2011, na força de suas palavras e no embalar de sua metodologia, percorre caminhos desde a infância até a vida adulta. A palavra fé ocupa um lugar privilegiado. Já nos diz George Sand: “Cada um tem a idade do seu coração, experiência e fé”. Mesmo com as descobertas próprias de cada pessoa, sentimentos oriundos da família, da escola, da sociedade onde crescemos e, sobretudo, do que aprendemos na catequese, no grupo de jovens, ou de pessoas que fizeram parte de nossa história, a fé, com certeza, sempre presídio nosso bem estar. Quem não se lembra de uma pessoa importante na caminhada de sua cristã, de decisões que fizeram o seu “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6), do sim dito com firmeza (Lc 18, 22; Mt 16, 24; Mc 1, 17) e do não, mesmo na dor (Mt 8, 18-20). Tudo isso, nos ofereceu oportunidades que o tempo jamais apaga. Como é bom recordar as palavras de R. Tagore: “Fé é o pássaro que sente luz e canta quando a madrugada é ainda escuro”. Tenha sempre dentro do seu coração: a fé amanhece primeiro do que o dia.
 
Quem leu a Carta Apostólica sob forma de Motu Próprio “Porta Fidei” {Porta da Fé} do Papa Bento XVI, vai ver que nossa história não pode ficar num passado, esquecido nas gavetas da vida, ou apenas ser uma lembrança. Nosso existir, sobretudo nos campos da fé, não pode ser “sal insípido e luz escondida (Mt 5, 13-16; Porta Fidei, 3). A Carta tem três pilares fundamentais para a vida de cada Cristão. O primeiro é a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, que o Santo Padre, nos seus 15 itens faz muitas referências, igual bússola, nos levando ao Cristo Vivo e Ressuscitado (Mc 16, 6; Lc 24, 6). O segundo, citado muitas vezes na Carta Apostólica, é o Concílio Vaticano II (1962 – 1965). O Papa quer nos levar aos textos deixados pelos Padres Conciliares nos convidando a ler de novo para que “possam ser mais conhecidos e assimilados como testos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja” (Porta Fidei, 5). O terceiro, também muito lembrado, é o Catecismo da Igreja Católica, promulgado pelo Papa João Paulo II em Outubro de 1992. Este Catecismo, diz o Papa: “Dará um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial (...). Declaro-o norma segura para o ensino de fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial” (Porta Fidei, 11).
 
Quem se amoldura nos parâmetros curriculares da fé sempre está no paraíso de sua consciência, no verdejante de seus sentimentos e na certeza de seu coração. Nunca duvide da fé. Daisaku Ikeda diz-nos: “A covardia e a vaidade são os grandes inimigos da prática da fé. As pessoas com fé inclinadas para a covardia e vaidade não podem alcançar a iluminação. A prática da fé é senão o corajoso ato de avançar com espírito de leão nas horas cruciais ou nos momentos que surgem as dificuldades”. Mahatma Ghandi acrescenta: “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo”. Jesus foi mais objetivo: “Se tiveres fé do tamanho um grão de mostarda, tudo o que pedires a Deus receberás” (Mt 13, 31 ss). Pensemos nisso.
 
Cônego Manuel Quitério de Azevedo
Colunista do Portal Ecclesia.
Arquidiocese de Diamantina (MG). Bacharel e mestre em teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia de Assunção (SP); doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (Itália).

 

 
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