Paixão do Senhor

29/03/2013 13:58

 

Paixão do Senhor

 

 

A narrativa da Paixão de Jesus, segundo João (18,1–19,42), aborda alguns temas fundamentais, que são: Jesus é doador da vida nova. O relato da Paixão se inicia e termina num jardim. É uma alusão ao jardim do Éden. Onde o ser humano não soube se comportar de forma humana autêntica, rejeitando a vida para escolher a morte, Jesus ensina o modo de possuir a vida: dando-a gratuitamente em favor dos outros. Diante de Jesus, as pessoas têm duas opções: ou o reconhecem e se comprometem com Ele, ou acabam aderindo ao sistema injusto que o rejeitou e condenou, perdendo assim a chance de ter a vida.
 
A Paixão revela o conteúdo da hora de Jesus. No último sinal do Evangelho de João, o Filho do Homem conclui sua obra em favor da humanidade: "está consumado". Sua obra, de agora em diante, será completada pelo Espírito, que Ele entrega: "inclinando a cabeça, entregou o espírito". A hora de Jesus provoca o julgamento. É o momento em que são postas às claras as opções que as pessoas fazem em favor ou contra Jesus.
 
Jesus é o verdadeiro e único Rei. O tribunal montado contra Jesus manifesta sua incapacidade de condená-lo. O Filho do Homem declara que sua realeza não se baseia no jogo de poder das realezas deste mundo, que fazem uso da força e da violência. A realeza de Jesus consiste em dar testemunho da verdade. Ele é Rei porque cumpre até o fim a vontade do Pai, que é a de amar de tal modo o mundo a ponto de enviar seu filho único. Segundo João, Jesus é o verdadeiro Rei. João evita, por isso, falar dos maus tratos que sofre. Ao falar dos soldados que caçoam de Jesus, coroando-o de espinhos e vestindo-o com um manto vermelho, João ironiza e desmascara os poderes deste mundo, ressaltando ainda mais que a realeza de Jesus é diferente. Em outras palavras, para Jesus, exercer o poder é dar a vida.
 
Na cruz, Jesus realiza plenamente a realeza, da qual se beneficiarão os povos. Outro indício de sua realeza é a quantidade de perfumes usados no seu sepultamento: mais de 32 quilos, quantia empregada só para enterro de reis. Ungindo assim o corpo de Jesus, Nicodemos está na realidade preparando o esposo para a festa de casamento com a humanidade.
 
Jesus é o cordeiro de Deus. Ele morre durante preparação da páscoa dos judeus. João mostra que o verdadeiro Cordeiro Pascal é o que foi imolado na cruz, cujo sangue redime a humanidade, conferindo-lhe vida nova e de cujo corpo a nova humanidade irá se nutrir. Ele lembra que nenhum osso de Jesus foi quebrado, exigência que se fazia ao cordeiro pascal. Ele é o pão descido do céu, que dá a vida ao mundo. É o verdadeiro Cordeiro.
 
Dom Eurico dos Santos Veloso
Colunista do Portal Ecclesia.
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG). Cursou filosofia e teologia no Seminário Maior São José em Mariana (MG). Governou a arquidiocese de Juiz de Fora entre 2001 e 2009.

 


Da redação do Portal Ecclesia.

 

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