Sentimos na Igreja o vento do Espírito Santo

30/10/2012 17:07

 

Sentimos na Igreja o vento do Espírito Santo
Aprovadas 57 propostas que ajudarão o papa na exortação apostólica

Sergio Mora

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 29 de outubro de 2012 (ZENIT.org) - A lista final das 57 propostas votadas pelos participantes do XIII Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé foi apresentada no último sábado, 27, na sala de imprensa da Santa Sé, pelo cardeal arcebispo de Washington, Donald William Wuerl, e pelos arcebispos Pierre-Marie Carré, da diocese francesa de Montpellier, e Józef Michalik, presidente da Conferência Episcopal da Polônia.

O padre Federico Lombardi informou que Bento XVI fez um pequeno discurso, improvisado e significativo, em que anunciou duas decisões: “passar da Congregação da Educação Católica para a Congregação do Clero a responsabilidade pelos seminários, e da Congregação do Clero para o Pontifício Conselho da Nova Evangelização a responsabilidade pela catequese”.

O papa “expressou também seus melhores desejos aos futuros cardeais, que serão eleitos no consistório de fevereiro, no contexto da nova evangelização e da universalidade dos povos". Lombardi acrescentou que, a respeito do sínodo, o papa ressaltou o quanto é edificante ver nele um espelho da Igreja católica, com as suas dificuldades e alegrias. E que, embora existam ventos contrários, sente-se na Igreja o vento do Espírito Santo. “Estamos novamente a caminho, com novo entusiasmo”.

 

 

 

No passado, as proposições não eram publicadas, pois são um texto consultivo, mas “o papa quis que nós as publicássemos, mesmo não sendo um documento oficial e sim oficioso”.

O cardeal Donald William Wuerl considerou muito positivo o senso de unidade verificado nos trabalhos do sínodo. Wuerl afirma que a Igreja está avançando, enfrentando as várias questões deste mundo secularizado e complexo, e destacou o senso de missão das proposições, que indicam a direção a seguir.

O arcebispo de Montpellier, por sua vez, enfatizou que a nova evangelização cobre todos os aspectos da existência humana. Carré falou da contribuição que o sínodo recebeu dos interlocutores dos vários continentes e sublinhou que o tema central foi a fé não por causa da secularização, mas porque Jesus Cristo mandou pregar o evangelho.

Já o presidente da Conferência Episcopal Polonesa observou que a assembleia teve a coragem de fazer a sua análise sem fugir das dificuldades. Recordou que participaram hóspedes como o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, e o primaz da Igreja anglicana, que expressaram opiniões muito positivas sobre o concílio Vaticano II e apoiaram a iniciativa de uma nova evangelização.

Dom Michalik falou dos peritos que trabalharam nesta área, citando os movimentos Caminho Neocatecumenal e Focolares. Depois do sínodo, afirmou, “a minha impressão é de ter passado por uma escola muito sólida e de grande valor”.

Nas respostas, o arcebispo norte-americano disse que a variedade das proposições não permite falar de um fio condutor comum a todas elas, mas que o seu conjunto deixa claro o que é a nova evangelização, como ela se relaciona com a nossa cultura, a dificuldade da inculturação e o contexto do laicismo, além dos lugares em que ela se desenvolve e quem são os novos evangelizadores. “Os novos evangelizadores somos todos nós, religiosos, leigos, todos. Há uma proposta na conclusão: tu serás minha testemunha, como indica a proposição número 57”.

O arcebispo de Washington, respondendo a outra pergunta, precisou que a nova evangelização não é um programa, e sim uma dimensão missionária permanente.

Dom Carré observou, por outro lado, que o sínodo se concentrou muito nos jovens: é necessário chegar até eles para que sejam testemunhas perante os outros jovens.

Michalik acrescentou experiências que viu: “Os jovens começam se reunindo, depois aprofundam a fé e aí vêm as conversões. Precisamos de radicalidade cristã, com amor e paciência. Testemunhando a fé sem impô-la”.

O cardeal arcebispo de Washington se uniu ao tema recordando “os grupos de jovens adultos que vieram a Roma para contribuir, muito abertos ao evangelho e àquilo que a Igreja quer dizer”.

ZENIT perguntou sobre a via pulcritudinis e se a discussão sobre a transmissão da fé deve chegar até os corações a partir da dimensão intelectual. O cardeal americano considerou que é necessário o diálogo da Igreja com o mundo intelectual, acadêmico e civil, um desafio muito claro neste sínodo, bem como transmitir a linguagem da beleza da melhor maneira para um mundo em que os jovens dispõem de boas tecnologias.

O arcebispo da Polônia propôs pregar não só a misericórdia de Jesus, mas também a beleza do evangelho, e recordou a contribuição da arte, da literatura e o papel das igrejas. Criticou a construção de diversas estruturas arquitetônicas sacras que não refletem essa contribuição.

O arcebispo francês, ao concluir suas palavras, sublinhou que, quando se pensa no belo, acredita-se que ele é custoso, quando, em realidade, a beleza de Deus também pode estar presente na pobreza, "no encontro com Cristo, que é pessoal e para o qual podemos criar os meios adequados".

O cardeal Wuerl recordou que a Igreja tem uma história fantástica, assim como a história de Jesus, e manifestou o desejo de "que vocês apresentem este fato ao mundo".

(Trad.ZENIT)

 

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