Solenidade Ascensão do Senhor

06/05/2013 09:19

 

 

Solenidade Ascensão do Senhor

E foi levado para o céu

1ª Leitura: At 1,1-11
Sl 46
2ª Leitura: Ef 1,17-23
Evangelho: Lc 24,46-53

46 E continuou: «Assim está escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, 47 e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48 E vocês são testemunhas disso.

49 Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, fiquem esperando na cidade, até que vocês sejam revestidos da força do alto.»

50 Então Jesus levou os discípulos para fora da cidade, até Betânia. Aí, ergueu as mãos e os abençoou. 51 Enquanto os abençoava, afastou-se deles, e foi levado para o céu. 52 Eles o adoraram, e depois voltaram para Jerusalém, com grande alegria. 53 E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus.


* 44-53: A missão cristã nasce da leitura das Escrituras, onde se percebe o testemunho de Jesus (vida-morte-ressurreição) como seu centro e significado. Essa missão continua no anúncio de Jesus a todos os povos, e provoca a transformação da história a partir da atividade de Jesus voltada para os pobres e oprimidos. A conversão e o perdão supõem percorrer o caminho de Jesus na própria vida e nos caminhos da história. A missão é iluminada pelo Espírito do Pai e de Jesus (a «força que vem do alto»).

O Evangelho de Lucas termina em Jerusalém e no Templo, como havia começado. Daí os apóstolos partirão para a missão «até os confins da terra» (At 1,8).

Bíblia Sagrada – Edição Pastoral

 

Preparação para a missão

Em todos os evangelhos, a Ascensão de Jesus aparece como o início d amissão da Igreja (cf. ano A e B). Isso fica especialmente claro no relato do arrebatamento de Jesus no fim do evangelho de Lc, antecipando a Ascensão narrada no início dosAtos dos Apóstolos. Jesus explica aos Onze a reta compreensão das Escrituras, o verdadeiro sentido do messianismo de Jesus (messias padecente, mas exaltado por Deus). Explica-lhes também que agora está na hora de cumprirem-se as profecias de Isaías a respeito da missão universal do povo de Deus: ser luz das nações, propagar a salvação até os confins da terra (Is 2,3; 49,6; 42,6; cr. At 1,8;). Assim como Jesus foi “luz das nações” desde sua primeira apresentação em Jerusalém (Lc 2,32), a Igreja o será, a partir de Jerusalém, cumprindo a missão daquele que agora é seu Senhor (24,47). Deus visitou seu povo e seu templo (Ml 3). Agora, Jerusalém torna-se, apesar da incredulidade de seus chefes, o centro de onde sai a salvação para o mundo inteiro (cf. Is 49,21-22; 55,4-5; 56,7; 60,1ss etc.). Para isso, porém, é preciso que os Apóstolos recebam a força do Altíssimo: o Espírito (cf. At 2).

Quando os Apóstolos, depois da ascensão de Jesus, voltam a Jerusalém, eles passam o tempo em oração: preparam-se para receber “a força do Alto”, o Espírito que impelira Jesus em sua missão. Como ele sempre orava, assim rezam eles agora.

A missão de Jesus tornou-se a de sua Igreja. Depois dele, a Igreja deve ser a luz para as nações, “saindo de Jerusalém”. Hoje, Jerusalém já fica longe para trás, e a Roma dos imperadores também. A Igreja do Cristo glorioso chegou à periferia do mundo, aos “confins da terra” (At 1,8; 1ª leitura). Na “periferia do mundo ” brilha a luz das comunidades-testemunha, que por sua fraternidade, solidariedade, justiça e amor atestam que Jesus é verdadeiramente o Senhor da Glória.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

 

O Espírito do Senhor Jesus
e nossa missão 

1ª leitura o evangelho nos contam como os apóstolos viveram as últimas aparições de Jesus ressuscitado: como despedida provisória e como promessa. Jesus não voltaria até a consumação do mundo, mas deixou nas mãos deles a missão de levar a salvação e o perdão dos pecados a todos que quisessem converter-se, no mundo inteiro. E prometeu-lhes o Espírito Santo, a força de Deus, que os ajudaria a cumprir sua missão.

A vitalidade e juventude da Igreja, até hoje, tem sua raiz nesta herança que Deus lhe deixou. “É bom para vocês que eu me vá – diz Jesus no evangelho de João – porque, senão, não recebereis o Paráclito, o Espírito da Verdade” (1016,7). Jesus salvou o mundo movido pelo Espírito e dando a sua vida pelos homens. Agora, nós devemos dar continuidade a esta obra, geração após geração. O Espírito de Jesus e do Pai deve animar em nós, e através de nós, um testemunho igual ao de Jesus: deve fazer revi ver Jesus em nós. O que salva o mundo não é a presença física de Jesus para todas as gerações, mas sim o Espírito que ele gerou em nós pela morte por amor – o Espírito do Pai e dele mesmo.

A Igreja não caiu no vazio depois da Ascensão de Jesus. Antes, entrou com ele na plenitude do tempo da salvação e da reconciliação, embora não de vez e por completo. Tem que lutar para realizar o que Jesus já vive em plenitude. Ainda não está na mesma glória, na mesma união definitiva com Deus em que está o seu fundador, mas vive movida pelo mesmo Espírito, e este nunca lhe faltará até a hora do reencontro completo. A Igreja terá que expor às claras as contradições, as injustiças, as opressões que impedem a reconciliação e o perdão. Terá que urgir opção e posicionamento, e também transformação dos corações e das estruturas do mundo, para que um dia o Cristo glorioso seja a realidade de todos nós.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes

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